terça-feira, 23 de abril de 2013

A Mediadora/O Arcano Nove - Capitulo 1




     Ninguém me contou sobre o sumagre venenoso. Ah, contaram sobre as palmeiras. É, contaram muita coisa sobre as palmeiras, certo. Mas ninguém disse uma palavra sobre a história do sumagre venenoso.

     - O negócio, Karen...

     O padre Dominic estava falando comigo. Eu tentava prestar atenção, mas deixe-me dizer uma coisa: sumagre venenoso coça.

     - Como mediadores, o que eu e você somos, Karen, nós temos uma responsabilidade. Dar ajuda e consolo às almas desafortunadas que sofrem no vazio entre os vivos e os mortos.

     Bom, é, as palmeiras são legais e tudo. Foi maneiro sair do avião e ver as palmeiras em toda parte, especialmente porque eu tinha ouvido dizer que podia ficar bem frio à noite no norte da Califórnia. Mas que negócio é esse do sumagre venenoso? Como é que ninguém me avisou disso?

      - Veja bem, como mediadores, Karen, é nosso dever ajudar as almas perdidas a ir para onde devem. Nós somos seus guias, por assim dizer. Sua conexão espiritual entre este mundo e o outro. O padre Dominic ficou mexendo num maço de cigarros fechado sobre sua mesa e me olhou com aqueles grandes olhos azul-bebê. - Mas quando a pessoa que serve de elemento de ligação espiritual pega sua cabeça fantasmagórica e bate com ela numa porta de armário... bem, esse tipo de comportamento não produz exatamente o tipo de confiança que gostaríamos de estabelecer com nossos irmãos e irmãs perturbados.

     Ergui os olhos da erupção vermelha nas minhas mãos. Erupção. Essa nem era a palavra certa. Era como um fungo. Pior até do que um fungo. Era um câncer. Um câncer insidioso que, com o tempo, consumiria cada centímetro da minha pele lisa e sem manchas, cobrindo a de calombos vermelhos e escamosos. Que por sinal soltavam líquido.

     - É - falei -, mas se os irmãos e irmãs perturbados estão pegando pesado com a gente, não vejo por que é um crime tão grande eu só agarrá -los e jogar contra o...

     - Mas você não vê, Karen? - O padre Dominic apertou com força o maço de cigarros. Eu só o conhecia há duas semanas, mas sempre que ele começava a acariciar os cigarros, que, a propósito, ele nunca fumava, queria dizer que estava chateado com alguma coisa.

     Essa coisa, em particular, parecia ser eu.

     - E é por isso que você é chamada de mediadora - explicou ele. - Você deveria estar ajudando a levar essas almas perturbadas à realização espiritual...

     - Olha, padre Dom - falei escondendo minhas mãos que soltavam líquido. - Eu não sei com que tipo de fantasmas o senhor andou lidando ultimamente, mas os que andaram esbarrando comigo têm tanta probabilidade de achar realização espiritual quanto eu de achar uma fatia de pizza decente, estilo Nova York, nesta cidade. Não vai acontecer. Esses caras vão para o Inferno, para o Céu ou para a próxima vida na forma de uma lagarta em Kathmandu, mas de qualquer modo que a gente veja a coisa, alguns às vezes vão precisar de um pequeno chute na bunda para chegar lá...

     - Não, não, não. - O padre Dominic se inclinou para frente. Não podia se inclinar muito porque há cerca de uma semana uma daquelas suas almas perturbadas tinha decidido adiar o esclarecimento espiritual e em vez disso tentou arrancar a perna dele. Além disso, partiu duas de suas costelas, deu-lhe uma concussão bem maneira, arrebentou com a escola numa boa e, vejamos, o que mais? Ah, é. Tentou me matar.

     O padre Dominic estava de volta à escola, mas usava um gesso que ia até os dedos dos pés e desaparecia debaixo da b atina preta, quem sabe até onde?
     Pessoalmente eu não gostava de pensar nisso.
     Mas ele estava se saindo muito bem com aquelas muletas. Seria capaz de perseguir os garotos atrasados de um lado para o outro dos corredores, se fosse preciso. Mas como era o diretor, e cuidar dos retardatários ficava por conta das noviças, ele não precisava. Além disso, o padre Dom era bem legal e não faria isso nem se pudesse.
     Mas leva um pouco a sério demais o negócio dos fantasmas, se você quer saber.

     - Karen - disse ele em voz cansada. - Você e eu, para o bem ou para o mal, nascemos com um dom incrível: a capacidade de ver os mortos e falar com eles.

     - Lá vem o senhor de novo com esse papo de dom – falei revirando os olhos. - Francamente, padre, eu não vejo isso assim. Como poderia ver? Desde os dois anos - dois anos de idade - eu fui incomodada, pentelhada, perseguida por espíritos inquietos. Durante quatorze anos suportei o abuso deles, ajudando-os quando podia, batendo neles quando não podia, sempre com medo de alguém descobrir meu segredo e me revelar como a monstruosidade biológica que eu sempre soube que sou, mas que tentei tão desesperadamente esconder de minha mãe doce e sofredora. E então mamãe se casou de novo, se mudou e me levou para a Califórnia - no meio do segundo ano do segundo grau, muito obrigada - onde, maravilha das maravilhas, acabei conhecendo alguém que sofria do mesmo terrível talento: o padre Dominic.
     Só que o padre Dominic se recusa a ver nosso "dom" do mesmo modo que eu.
     Para ele é uma oportunidade maravilhosa de ajudar pessoas necessitadas.
     É, está bem. Tudo bem para ele. Ele é um padre. Não é uma garota de dezesseis anos que, olá, gostaria de ter uma vida social.
     Se você me perguntasse, um "dom" teria algum lado positivo. Como uma força sobre-humana ou a capacidade de ler mentes, ou alguma coisa assim. Mas eu não tenho nada dessas coisas legais. Sou apenas uma garota comum de dezesseis anos - bem, certo, com uma aparência acima da média, se é que eu mesma posso dizer - que por acaso é capaz de conversar com os mortos.
     Grande coisa.

     - Karen - disse ele agora, muito sério. - Nós somos mediadores. Não somos... bem... exterminadores. Nosso dever é intervir a favor dos espíritos e guiá -los para seu destino definitivo. Fazemos isso através de orientação gentil e aconselhamento, e não desferindo um murro no rosto ou fazendo exorcismos.

     Ele ergueu a voz ao dizer a palavra exorcismos, mesmo sabendo perfeitamente que eu só tinha feito os exorcismos como último recurso. Quero dizer, tecnicamente isso foi culpa do fantasma, e não minha.

     - Certo, certo, já chega - falei, levantando as duas mãos num gesto meio de rendição. - De agora em diante vou experimentar do seu modo. Vou fazer a coisa gentilzinha. Minha nossa! Vocês, da Costa Oeste... Com vocês é tudo tapinhas nas costas e sanduíches de abacate, não é?

     O padre Dominic balançou a cabeça.

     - E como você chamaria sua técnica de mediação, Karen? Cacetadas na cabeça e chaves de braço?

     - Muito engraçado, padre Dom. Agora posso voltar para a aula?

     - Ainda não. - Ele brincou mais um pouco com os cigarros, batendo com o maço como se fosse abri-lo. Este vai ser o dia. - Como foi o seu fim de semana?

     - Maneiro - falei. Levantei as mãos, com os nós dos dedos virados para ele. - Está vendo?

     Ele forçou a vista.

     - Santo Deus, Karen. O que é isso?

     - Sumagre venenoso. Foi legal ninguém ter me dito que isso cresce em tudo que é lugar por aqui.

     - Não cresce em toda parte. Só na floresta. Você esteve numa floresta neste fim de semana? - Então seus olhos se arregalaram por trás das lentes dos óculos. - Karen! Você não foi ao cemitério, foi? Não foi sozinha, pelo menos. Eu sei que você se acha invencível, mas não é totalmente seguro uma jovem como você andar por cemitérios, mesmo sendo uma mediadora.

     Baixei as mãos e disse, enojada:

     - Eu não peguei isso em nenhum cemitério. Eu não estava trabalhando. Peguei na festa da piscina de Kelly Prescott no sábado à noite.

     - Festa da piscina de Kelly Prescott? - O padre Dominic ficou confuso. - Como você pode ter achado sumagre venenoso lá?

     Tarde demais, notei que provavelmente deveria ter ficado de boca fechada.
     Agora teria de explicar - ao diretor da minha escola, que por acaso era um padre, nada menos do que isso - que havia corrido um boato na metade da festa dizendo que meu irmão adotivo, Dunga, e uma garota chamada Debbie Mancuso estavam transando no vestiário da piscina.
     Claro que eu havia negado a possibilidade, já que sabia que Dunga estava de castigo. O pai de Dunga - meu novo padrasto que, para um cara bem tranqüilo, tipo Califórnia, acabou se mostrando um disciplinador bem sério - tinha posto Dunga de castigo por ter chamado um amigo meu de veado.

     Então, quando correu o boato de que Dunga e Debbie Mancuso estavam mandando ver no vestiário da piscina, eu tive quase certeza d e que todo mundo estava enganado. Fiquei insistindo que Brad (todo mundo, menos eu, chama Dunga de Brad, que é seu nome de verdade, mas acredite, Dunga, o anão maluco, combina muito mais) estava em casa ouvindo Marilyn Manson com os fones de ouvido, já que seu
pai também tinha confiscado as caixas de som dele.
     Mas então alguém disse:

     - Vá dar uma olhada. - E eu cometi o erro de fazer isso, indo nas pontas dos pés até a janelinha que tinham indicado e espiando por ela.

     Eu nunca quis especificamente ver algum dos meus irmãos adotivos pelado. Não que eles sejam feios nem nada. Soneca, o mais velho, é considerado meio garanhão pela maioria das garotas da Academia da Missão Junipero Serra, onde ele está no último ano e eu no segundo. Mas isso não significa que eu tenha vontade de vê-lo andando pela casa sem cueca. E claro que Mestre, o mais novo, só tem doze anos, é totalmente adorável com seus cabelos ruivos e orelhas de abano, mas não é o que você chamaria de um gato.
     Quanto ao Dunga... bem, eu particularmente nunca quis ver Dunga em pelo. De fato, Dunga deve ser a última pessoa na terra que eu gostaria de ver nu.
     Felizmente, quando olhei pela janela, vi que os relatórios sobre o estágio de nudez do meu irmão - bem como sua voracidade - tinham sido grandemente exagerados. Ele e Debbie só estavam dando uns amassos. Isso não quer dizer que eu não tenha ficado completamente repugnada. Quero dizer, eu não senti exatamente orgulho porque meu irmão estava ali entrelaçando a língua com a segunda pessoa mais estúpida da nossa turma, depois dele.
     Desviei o olhar imediatamente, claro. Quero dizer, a gente tem o canal Showtime em casa, pelo amor de Deus. E já vi muito beijo de língua antes. Não iria ficar ali de boca aberta enquanto meu irmão fazia aquilo. E, quanto a Debbie Mancuso, bem, só posso dizer que ela deveria dar um tempo. Ela não pode se dar ao luxo de perder mais neurônios do que já perdeu, com todo o fixador e a musse de cabelo que passa no banheiro feminino, entre as aulas.
     Foi enquanto eu estava cambaleando enojada para longe da janela do vestiário, acima de um pequeno caminho de cascalho, que acho que tropecei numa moita de sumagre venenoso. Não me lembro de ter entrado em contato com vida vegetal em qualquer outro momento deste final de semana, já que sou do ti po de garota que geralmente fica em lugares fechados.
     E deixe-me dizer, eu realmente tropecei naquelas plantas. Estava meio tonta por causa do horror do que tinha visto - você sabe, as línguas e coisa e tal - e, além disso, estava com sapatos de plataforma e meio que perdi o equilíbrio. As plantas às quais eu me agarrei é que me salvaram da ignomínia de desmoronar no deque da piscina de Kelly Prescott.
     Mas o que contei ao padre Dominic foi uma versão condensada. Disse que devo ter tropeçado numa moita de sumagre venenoso quando estava saindo da piscina dos Prescott.
     O padre Dominic pareceu aceitar isso, e disse:

     - Bem, um pouco de hidrocortisona deve resolver. Você deveria procurar a enfermeira quando sair daqui. Certifique-se de não coçar, para não espalhar.

     - É, obrigada. Melhor não respirar também. Na certa isso vai ser tão fácil quanto.

     O padre Dominic ignorou meu sarcasmo. É engraçado que nós dois sejamos mediadores. Nunca conheci outra pessoa que fosse - de fato, até umas semanas atrás, eu achava que era a única mediadora em todo o mundo.
     Mas o padre Dominic diz que há outros. Ele não sabe quantos, nem mesmo como, exatamente, os poucos de nós foram por acaso escolhidos para nossa ilustre - eu mencionei sem remuneração? - carreira. Acho que a gente deveria publicar um boletim, ou algo do tipo. Mediadores hoje. E fazer congressos. Eu poderia dar um seminário sobre cinco modos fáceis de dar porrada em um fantasma sem bagunçar o
cabelo. De qualquer modo, voltando a mim e ao padre Dominic, para duas pessoas que têm a mesma capacidade estranha de falar com os mortos, não poderíamos ser mais diferentes. Além da coisa da idade, já que o padre Dom tem sessenta e eu dezesseis, ele é o próprio Sr. Gentil, ao passo que eu...
     Bem, não sou.
     Não que não tente ser. Só que uma coisa que aprendi com tudo isso é que nós não temos muito tempo aqui na Terra. Então por que desperdiçar aceitando as merdas dos outros? Particularmente quando já estão mortos?

     - Além do sumagre venenoso - disse o padre Dominic. - Há mais alguma coisa acontecendo em sua vida que você acha que eu deveria saber? Qualquer coisa na minha vida e que eu achasse que ele deveria saber.

     Vejamos...
     Que tal o fato de que eu tenho dezesseis anos, e até agora, diferentemente de meu irmão adotivo Dunga, nunca fui beijada, quanto mais convidada para sair?
     Não é assim tão importante - especialmente para o Padre Dom, um cara que fez voto de castidade uns trinta anos antes de eu nascer -, mas ainda assim é humilhante.
     Aconteceu um monte de beijos na festa de Kelly Prescott - e até umas coisas mais pesadas -, mas ninguém tentou travar os lábios comigo. Numa certa hora um garoto que eu não conhecia me convidou para dançar agarradinho. E eu disse sim, mas só porque Kelly gritou comigo depois de eu ter dispensado o cara na prime ira vez em que ele pediu. Parece que o garoto era um cara por quem ela tinha uma queda há um
tempo. Não sei como é que eu dançar agarradinho com o cara iria fazer com que ele gostasse de Kelly, mas depois de eu dispensá-lo da primeira vez ela me acuou em seu quarto, onde eu tinha ido verificar o cabelo, e, com lágrimas nos olhos, me informou que eu tinha arruinado sua festa.

     - Arruinei sua festa? - Eu estava genuinamente perplexa. Morava na Califórnia há duas semanas inteiras, por isso estava espantada porque tinha conseguido me tornar uma pária em tão pouco tempo. Kelly já estava furiosa comigo, eu sabia, porque eu tinha convidado à sua festa meus amigos Cee Cee e Adam, que ela e praticamente todo mundo no segundo ano da Academia da Missão consideram uns esquisitos. Agora, pelo jeito, eu tinha tripudiado ao não concordar em dançar com um garoto que eu nem conhecia.

     - Meu Deus - disse Kelly, quando ouviu isso. - Ele está no primeiro ano da Robert Louis Stevenson, certo? É o pivô do time de basquete, o astro. Ganhou a regata do ano passado em Pebble Beach e é o cara mais gato do Vale, depois de Bryce Martinsen. Karen, se você não dançar com ele eu juro que nunca mais falo com você.

     - Tudo bem - falei. - Mas o que é que está por trás disso?

     - Eu só... - disse Kelly, enxugando os olhos com o dedo de unha muito bem feita -... quero que tudo corra bem de verdade. Eu já estou de olho nesse cara há um tempo, e...

     - Ah, é, Kel. E me obrigar a dançar com ele realmente vai fazer com que ele goste de você.

     Mas quando apontei para essa incoerência lógica em seu processo de pensamento ela só disse:

     - Faça isso - só que não como dizem nos anúncios da Nike. Disse do modo como a Bruxa Má do Oeste falou aos macacos alados quando os mandou matar Dorothy e seu cachorrinho.

     Eu não tenho medo de Kelly nem nada, mas, verdade, quem precisa de encrenca?
     Então voltei para fora e fiquei ali, em meu maiô Calvin Klein - com uma canga amarrada casualmente na cintura, totalmente sem saber que tinha acabado de tropeçar numa moita de sumagre venenoso, enquanto Kelly ia até o gato dos seus sonhos e pedia que ele me pedisse de novo para dançar.
     Enquanto eu estava ali parada, tentei não pensar que o único motivo que ele teria para querer dançar comigo era que eu era a única garota na festa usando roupa de banho. Como nunca tinha sido convidada a uma festa da piscina, tinha acreditado erroneamente que as pessoas nadavam nessas festas e me vestido de acordo.
     Aparentemente não era assim. Afora meu irmão adotivo, que aparentemente tinha se esquentado demais no abraço passional de Debbie Mancuso e tirado a camisa, eu era a pessoa usando a menor quantidade de roupa.
     Inclusive menos do que o gato dos sonhos de Kelly. Ele apareceu alguns minutos depois, com expressão séria, calça branca e camisa de seda preta. O próprio prego de Nova York, mas, afinal de contas, aqui era a Costa Oeste, de modo que como ele ia saber?

     - Quer dançar? - perguntou ele numa voz realmente suave. Eu mal pude ouvir acima dos berros de Sheryl Crow estrondeando nas caixas de som do deque da piscina.

     - Olha - falei, pousando minha Diet Coke. - Eu nem sei o seu nome.

     - É Tad.

     E então, sem dizer outra palavra, ele passou o braço pela minha cintura, me puxou e começou a balançar no ritmo da música.
     Com a exceção da vez em que eu me joguei em ci ma de Bryce Martinsen para tirá-lo do caminho quando um fantasma estava tentando esmagar seu crânio com uma enorme tora de madeira, era o mais próximo do corpo de um garoto - um garoto vivo, que ainda estivesse respirando - que eu já havia estado. E deixe-me dizer: mesmo com a camisa de seda preta, eu gostei. A sensação do cara era boa. Ele era todo quente - eu estava meio que sentindo frio no maiô; como era janeiro, claro, deveria estar frio demais para um maiô, mas aqui era a Califórnia, afinal de contas -, e ele cheirava a algum sabonete realmente legal, realmente caro.
     Além disso, era mais alto do que eu apenas o suficiente para sua respiração meio que roçar na minha bochecha daquele jeito provocador, tipo romance açucarado.
     Vou te contar, fechei os olhos, passei os braços em volta do pescoço do cara e balancei com ele durante os dois minutos mais longos e mais bem -aventurados da minha vida.
     Então a música acabou.

     - Obrigado - disse Tad na mesma voz macia que tinha usado antes e me soltou.

     E foi só isso. Ele se virou e voltou ao seu grupo de caras que estavam perto do barril de chope que o pai de Kelly tinha comprado para ela com a condição de não deixar ninguém dirigir bêbado para casa, condição que Kelly estava cumprindo rigidamente, não bebendo e andando com um celular com o número da Táxis Carmel na memória.
     E então, pelo resto da festa, Tad me evitou. Não dançou com mais ninguém. Mas não falou comigo de novo.
    Fim do jogo, como diria Dunga.
     Mas eu não achei que o padre Dominic quisesse saber sobre meus ficantes. Por isso falei:

     - Nada. Niente. Nothing.

     - Estranho - disse o padre Dominic, pensativo. - Eu diria que houve alguma
atividade paranormal...

     - Ah. O senhor quer dizer que aconteceu alguma coisa de fantasmas?

     Agora ele não parecia pensativo. Parecia meio chateado.

     - Bem, sim, Karen - disse ele tirando os óculos e beliscando o osso do nariz entre o polegar e o indicador, como se tivesse subitamente uma dor de cabeça. - Claro, é isso que eu quis dizer. - Ele recolocou os óculos. - Por quê? Aconteceu alguma coisa? Você encontrou alguém? Quero dizer, desde aquele incidente infeliz que resultou na destruição da escola?

     Falei devagar:

     - Bem...

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Ta ai o primeiro capitulo do segundo livro :) .. Agora eu vou parar de poster pois tenho qe ler um blog qe tem MUITO tempo qe eu nao leio ..

Xoxo minhas gatinhas ;* ..


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